quarta-feira, 30 de março de 2011

EncontrO por inteirOOO


"Tenho uma coisa apertada aqui no no meu peito. Um sufoco, uma sede, um peso… Exatamente assim. Pesada, sufocada. Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções. Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros…
Quero parar de me doar e começar a receber. Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências… Eu vou gostando, eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou… E continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos… E vou dando muito de mim, e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar."


(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Cecília Meireles

Lua adversa

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

sexta-feira, 4 de março de 2011



Letras



*O tempo passa tão depressa que as vezes não nos damos conta do que estamos deixando pra trás... É engraçado como a vida segue seu curso, as mudanças vão e vem sem pedir licença e quando vemos já foi, não podemos voltar atrás. E assim segue a vida quer nós gostemos ou não. É difícil deixar pra trás coisas, pessoas que nos fizeram tanto bem. Mais difícil ainda é vê-las indo embora sem ter sequer o direito de pedí-las pra ficar. É tempo de mudanças... A vida é realmente inconstante e só temos a certeza de que a única pessoa que nos acompanhará até o último dia de nossas vidas somos nós mesmos e a saudade que carregamos no peito das pessoas que passaram em nossas vidas.


Gilmenna




quarta-feira, 2 de março de 2011

Sem palavras - Lya Luft

A vida inteira busquei
Explicações e deciframentos:
Encontrei silêncio e segredo,
às vezes o conforto de um ombro,
outras vezes
dor.


No último lapso
de um tempo sem limites
- embora a gente o queira compor
em fragmentos -,
abriram-se as águas
e entrei onde sempre estivera.
Tudo compreendido
e absolvido,
absorta eu me tornei
luz sem sombra:
assombro.